CAPÍTULO 8 - AMAMENTAÇÃO - SÃO GÊMEOS, E AGORA? (Obra Registrada: Todos os direitos reservados.)
Conforme referência no capítulo sobre o parto, seguem
informações a respeito da ordenha elétrica da maternidade, a qual é de extrema
importância para manter as mamas preparadas para a amamentação, e para a
produção continuada de leite.
A ordenha elétrica, funciona succionando o mamilo, um de cada
vez, por alguns minutos que são determinados conforme programado na máquina
(não pode passar de tantos minutos por mama, para não rachar os bicos e não
estimular demais – no início, eu deixava mais tempo acreditando que ia
estimular o leite a descer mais rápido, mas além de nada adiantar, ficava mais
cansada e os bicos começaram a rachar).
Quando os bicos começaram a rachar, comecei a usar conchas para
os seios, pois as mesmas permitem a ventilação dos bicos e isso ajuda na
cicatrização. Também usei uma pomada com lanolina pura, fornecida na própria
maternidade, e isso bastou para recuperá-los rapidamente.
Depois de um tempo, deixei as conchas de lado pois estava
desperdiçando muito leite nas mesmas (o leite depositado nas conchas, deve ser
desprezado, e não oferecido aos bebês), e passei a usar fraldinhas para
proteger o sutiã, já que os absorventes para seios, pressionavam um pouco os
bicos, deixando-os sensíveis.
Outra coisa que as mamães devem ter precaução, é de fazer a
ordenha de 3 em 3 horas, para não ter o problema de empedrar as mamas, pois o
procedimento para reverter o quadro, pode ser bastante dolorido.
Presenciei algumas mamães com as mamas empedradas, por falta de
ordenhar constantemente os seios, algumas delas chegaram a ter febre alta e
precisaram ser encaminhadas ao médico. Noutros casos, as próprias enfermeiras
do lactário, podem ajudar, com massagens para facilitar a saída do leite, esse
procedimento realmente funciona, é um pouco dolorido, mas é necessário e
realmente vale a pena, pois é o único procedimento que alivia a dor.
Uma dica: nunca lave as mamas com água quente, porque a água
quente, faz as mamas ficarem endurecidas e muito doloridas.
Às vezes quando tentava amamentar o Rafael, sentia muito calor,
suores, ficava nervosa, com vontade de chorar, porque tinha leite e ele não
conseguia sugar direito, mas tinha uma única saída e eu optei por ela: ter
muita paciência e calma, respeitar o tempo dos bebês prematuros para aprenderem
a sugar efetivamente. Deu certo.
Aquela estória de amamentar dois bebês ao mesmo tempo, se não
for só para tirar foto ou numa situação de emergência de fome (quando eles
ainda são muito pequeninos), considero uma utopia.
Sabe o por quê? Porque simplesmente não tem como você segurar em
suas mãos dois bebês ao mesmo tempo, com firmeza e segurança suficientes para
os bebês não caírem. De fato, quando ainda são muito pequeninos, não se mexem
muito, mas, o perigo reside no fato de que se um deles engasgar, você tem que
tomar providências imediatas para ajudá-lo a reagir, e você precisará largar um
bebê para atender o outro e isso inviabiliza a amamentação de dois bebês ao
mesmo tempo.
Até o quarto mês e meio, amamentei meus bebês separadamente,
cerca de 15 minutos cada um, mas depois, eles começaram a preferir a mamadeira.
Vale a pena o investimento na amamentação, porque o leite
materno protege os bebês contra infecções e de doenças, e também, como nos
orientou nosso pediatra, é fundamental para o desenvolvimento, especialmente do
sistema nervoso dos bebês. O leite da mãe de prematuros, tem características
próprias que o tornam ideal para o desenvolvimento dos mesmos.
A orientação da minha obstetra, era que eu procurasse descansar
o máximo possível, para ajudar na produção de leite. Mas não sobra muito tempo
para esse descanso, por isso em vinte ou trinta minutos que desse para eu
deitar e descansar entre a mamada de um bebê e outro durante o dia, eu
aproveitava e dormia, enquanto tivesse alguém vigiando os bebês para mim. No
início, eles mamavam de três em três horas, por isso, quando terminava de
amamentar e fazer arrotar um bebê, já estava na hora de fazer o mesmo com o
outro bebê, e esse intervalo era de trinta minutos.
Como não tinha como descansar muito durante o dia, tive de fazer
uma difícil e controversa opção de não amamentar durante a noite, quando então,
a auxiliar de enfermagem do período noturno, oferecia aos bebês, mamadeira com
um pouco de leite materno retirado durante o dia e complemento com leite
artificial próprio para recém-nascidos, prescrito pelo pediatra.
Ao mesmo tempo que tomei esta decisão, ainda fico na dúvida do
que teria sido melhor para meus filhos: não amamentar e descansar durante a
noite para produzir leite, ou não descansar e estimular com mais sucções a
produção de mais leite, mas ao mesmo tempo, correndo o risco de diminuir a
produção de leite por falta de descanso?
Ainda não sei o que teria sido melhor, pois agora já sinto o
leite rareando, e os bebês estão começando a preferir a mamadeira ao seio
materno.
Quanto à melhor posição para a
amamentação de um bebê prematuro, por serem mais suscetíveis a engasgos, devido
a própria prematuridade, tive como orientação das enfermeiras, mantê-los na
posição “cavalinho”, isto é, sentados de frente para a mãe, com as perninhas
montadas na perna da mãe, sentados com a coluninha bem reta, apoiada pelas mãos
da mãe juntamente com a cabecinha.
Quando acontece um engasgo, deve-se primeiramente desobstruir a
boca, limpando com uma fralda ou pano, o leite da boca (pois o bebê irá precisar
da boca desobstruída para respirar), se tiver voltado leite pelas narinas,
deve-se sugar este leite com sugador próprio para as narinas, para limpá-las –
isso tudo muito rápido, na posição ligeiramente inclinada com o bebê de
ladinho, para ajudar a escorrer o leite – depois disso, erguer o bebê e
deixá-lo na posição de pé. Se ele não reagir e desengasgar, deve-se esfregar as
costinhas com força para provocar que ele reaja. Se ainda assim não reagir, por
muitas vezes, precisei apertar o pezinho para que eles chorassem e respirassem
pela boquinha (bebês prematuros, muitas vezes não sabem ainda respirar pela
boca e só fazem isso quando choram). Existem bebês que tem refluxo, e chegam a
vomitar várias vezes, devido à prematuridade, mas felizmente, existe tratamento
para esse problema, e em pouco tempo, tudo pode se normalizar. Busque
orientações com seu pediatra a respeito desse assunto.
Por volta dos quatro meses, ficou difícil amamentá-los na
posição cavalinho, pois eles cresceram, então, comecei a amamentar na posição
tradicional barriga com barriga, com eles levemente inclinados, pois em caso de
engasgo, estando eles inclinados, não há muito risco do leite ir para o tubo
auditivo.
Um dos
bebês, fazia questão de mamar no peito, mas por muitas vezes, tive de insistir
bastante para que o outro bebê, mamasse no peito, pois ele chorava
convulsivamente, porque já começava a preferir a mamadeira. Tendo muita
paciência e algumas vezes chorando de nervoso, eu conseguia que ele mamasse.
Valeu a pena a insistência, pois mamaram até os cinco meses
completos, quando então começaram a não querer mais o peito, já com a real
noção de que da mamadeira, sai um maior fluxo de leite.
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