CAPÍTULO 7 - O DIA-A-DIA NA UTI-NEONATAL - SÃO GÊMEOS, E AGORA? (Obra Registrada: Todos os direitos reservados.)

A UTI-Neonatal, é o lugar mais seguro para os bebês prematuros. Lá eles são monitorados o tempo todo por uma equipe de médicos e enfermeiros que, além de cuidar dos bebês com o maior profissionalismo, tranqüilizam os pais com o chamado “tratamento humanizado”.

Vou falar um pouco sobre a rotina da UTI-Neonatal da maternidade em que tive meus filhos, a qual é fácil se adaptar, para a segurança de nossos próprios filhos.

Quando se entra na UTI Neo, deve-se lavar bem as mãos, há aventais e geralmente armários para se guardar as bolsas. Não se deve usar relógios, nem pulseiras e anéis. 

Cabelos compridos devem estar presos. Em caso de resfriado ou gripe, se você for pai ou mãe, dependendo da orientação médica, provavelmente poderá colocar uma máscara descartável fornecida no próprio hospital. Em caso de ferimentos nas mãos, peça luvas antes de tocar os bebês, eles são muito frágeis e ainda não possuem muitas defesas no organismo.

Depois que se veste o avental e já foi autorizada a entrada na sala onde seus bebês estão, antes de mais nada, se tem que lavar novamente as mãos até os cotovelos, secá-las, depois passar álcool gel, para só depois se autorizado, tocar os bebês.
Não tenha receio, se for autorizado, toque seus bebês, pois eles precisam te sentir e ouvir.

Num certo momento, fomos autorizados a fazer o “pele-a-pele” (mãe cangurú) com o Rafael. Esse método, além de acalmar o bebê, ajuda inclusive no ganho de peso, faz com que se sintam aconchegados perto da mãe ou do pai, o bebê ouve o som das batidas do coração e os ruídos que escutavam quando ainda estavam no útero materno.
O “pele-a-pele” funciona da seguinte forma. A mãe ou pai tiram a roupa da cintura para cima, vestindo um avental. O bebê é colocado no peito da mãe ou pai – com o ouvido encostado nele. O bebê fica só de fralda, mas não sente frio, pois sua temperatura é elevada pelo contato com o nosso corpo.
Todos os dias, podemos conversar com o médico responsável por nossos bebês. Cada bebê possui seu prontuário que geralmente fica ao lado da incubadora ou berço. Nós pais, podemos acompanhar nestas fichas, o peso diário dos bebês, se houve alguma intercorrência, exames, e outros dados. Uma dica, na troca de plantão, uma enfermeira passa para a outra o quadro clínico do bebê no momento, e o que ocorreu naquele dia. Algumas vezes eu ouvi mais do que o médico havia nos falado, nada de grave, mas aconteceu. Portanto, confie, mas questione, fale com o médico, não seja neurótico, mas persistente e use o bom senso.
O Felipe ficou apenas 15 dias na UTI-Neonatal, e o Rafael, ficou 35 dias, só para ganhar peso, graças à Deus, pois não tiveram nenhum problema de saúde, e nenhuma intercorrência. Os bebês que ficam na UTI-Neonatal somente para ganho de peso, estando bem, geralmente recebem alta quando atingem o peso por volta de 2,2Kg.

Os dois bebês, ficaram primeiramente na incubadora, e depois no berço de acrílico. Mesmo estando na incubadora, dá para tocar o bebê e conversar com ele.

Depois que a situação dos bebês está estável, a enfermagem nos pede para trazer roupinhas e fraldas de boca, cobertor.

No dia em que ambos foram “promovidos” da incubadora para o bercinho, fui pega desprevenida e não tinha levado roupinha à maternidade, foi uma correria danada para providenciar as roupinhas, cobertor, e levar para a maternidade de última hora. Esteja alerta sobre o provável dia desta promoção.
Quanto às visitas, na maternidade em que ficamos, só é permitida  a visita dos pais e avós, sendo dos pais com horário limitado dependendo do estado do bebê, e dos avós (só 2 avós por dia), 2 vezes por semana com horário limitado.
Foi permitido que tirássemos fotos dos bebês na maternidade.
O ambiente assusta um pouco, para nós que não somos da área, aquela porção de equipamentos e a própria incubadora e tantos fios, assustam, há um misto de culpa, e pena daquela criancinha tão indefesa, tão inocente, tão dependente.
Os dois bebês precisaram de um pouco de oxigênio por uns dias e de uma sondinha gastroesofágica. Tudo isso impressiona, mas é para mantê-los bem, então a gente aceita e nem liga para isso, nem enxerga esses equipamentos, só tem olhos para os bebês.
Só tentava não ficar muito na sala com as mães, para não ouvir tantos e tantos casos tristes, porque eu ficava deprimida por me colocar no lugar das mãezinhas que estavam sofrendo tanto. Mais afastada dos outros casos, eu sofria menos e gerava mais forças para superar tudo o que viesse. Ao mesmo tempo, quando conversava com algumas mães, tentava encorajá-las, mas era impossível não sofrer por causa da história de cada uma. A cada notícia de bebê que tinha alta, vinha uma injeção de ânimo imensa.

Houve uma certa pressão por parte da enfermagem, primeiramente cobrando o leite materno (eu nunca tive grandes quantidades, mas sempre tive o suficiente para meus filhos) e também, cobrando a minha presença constante, mas quando o Felipe veio para casa e o Rafael ficou na maternidade, aí sim foi um período difícil, pois a gente se cobra para ser 200%, mas não é assim que funciona. A gente tem que aprender a administrar as cobranças, os comentários externos, além dos nossos próprios dilemas. Na realidade, ninguém consegue estar em dois lugares ao mesmo tempo, e tivemos que nos dividir e muito, para conseguir dar atenção aos dois bebês. 

E conseguimos. Como?
Vamos lá..

Acordava cedinho, tomava café, tirava leite para o Felipe, a auxiliar de enfermagem chegava e ficava junto com a minha mãe cuidando dele em casa, enquanto eu saía para a maternidade, chegava lá, tirava leite no lactário (na ordenha elétrica), corria para conseguir pegar o médico para me informar sobre como estava o Rafael, ficava com o ele algumas horas, comia um lanche para evitar mal estar, e voltava correndo para casa para a auxiliar de enfermagem poder ir embora. Eu ficava tomando conta do Felipe até de noite. Quando a auxiliar de enfermagem da noite chegava, eu ficava um pouco com ela e ia dormir (dormia dia sim, dia não, pois a auxiliar revezava as noites comigo no início). Algumas vezes, passamos por bastante tensão, nos deparando com situações bastante delicadas, nas quais os médicos levantaram suspeitas de doenças graves em um dos bebês, mas graças à Deus, sempre foi alarme falso. Nos lembra nosso pediatra, que uma das funções da UTI-Neo, é a de antecipar e prever possíveis problemas e investiga -los.

A dica que posso lhes oferecer neste caso, é que se você vir a passar pela situação de suspeita de doença, é claro, mantenha-se atento com relação a se a enfermidade está sendo criteriosamente avaliada através de exames e da equipe médica, mas aguarde os resultados com paciência, só depois dos resultados, permita-se realmente ficar preocupado, porque muitas vezes nos vimos alarmados pela enfermagem – coisa comum na UTI – e por fim, era só mais um alarme falso.
No dia em que meus filhos tiveram alta, e saí da sala da UTI-Neonatal, senti uma sensação de alívio e de liberdade indescritível, que só senti nestas duas vezes na minha vida.

O lado vantajoso da UTI-Neonatal, é que além de permitir inúmeros recursos para a sobrevivência dos bebês, também aproveitamos para aprender com a equipe de enfermagem e com os médicos, a lidar com os bebês.

Não hesitávamos em perguntar todas as dúvidas a respeito dos cuidados com os bebês, como por exemplo como manuseá-los, quanto tempo ficar com o bebê no colo em pé para faze-los arrotar, de como lidar com os engasgos, como colocá-los no berço, como dar banho nos bebês. Lá, como pais de primeira viagem, aprendemos até a trocar fraldas, o que nunca tínhamos feito antes.

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